sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sanfona



 SOBRE

A sanfona ou viola de roda é um instrumento musical de corda friccionada (cordofone). O que a torna característica, do ponto de vista sonoro, é o fato de se parecer com um violino com bordões e por ser capaz de produzir um zumbido usado ritmicamente por médio de uma corda apoiada numa ponte móvel (cão), e fisicamente, pelas cordas serem friccionadas por uma roda com resina, por intermédio de uma manivela, e pela melodia ser criada através de um teclado.

O som produzido por este instrumento assemelha-se a um cruzamento entre um violino, por ser de corda friccionada e possibilitar melodia, e uma gaita-de-fole, por ter bordões, por intermédio de de outras cordas que apenas reproduzem uma nota contínua, nota pedal. É um instrumento que se relaciona bastante com a música tradicional.

ORIGEM

Supõe-se que a sanfona surgiu no século XI, d.C., no norte da Península Ibérica, embora alguns historiadores reapontem a localização do seu surgimento para o Norte de África.

A sua forma mais arcaica conhecida é o organistro (também conhecido pela designação em latim, "organistrum"), um enorme instrumento em corpo de guitarra, que continha apenas uma corda de melodia, que cobria uma oitava diatónica, e dois bordões, ainda sem a ponte móvel.

Este instrumento, devido ao seu tamanho, exigia ser tocado por duas pessoas, separando-se em friccionar as cordas e em tocar a melodia pretendida. Este acto consistia em puxar para cima barras de madeira ao longo da escala que, com pinos a meio, encurtavam a corda de modo a obterem diferentes notas. Como este movimento requer algum esforço, as melodias tocadas eram lentas.

DECADÊNCIA

 Com a introdução do órgão, caiu em desuso nos locais de culto, no século XII. A sanfona passa então a ser usada pela nobreza, trovadores, jograis e pelo povo. Com o passar do tempo, mendigos, cegos e vagabundos usam-na para tocar nas ruas e em feiras. No final do século XIX o instrumento entra em decadência, tendo quase desaparecido totalmente.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Flauta Doce



A flauta doce ou flauta de bisel é um instrumento musical, mais precisamente um aerofone  de aresta.

A origem deste instrumento está nos antigos instrumentos folclóricos que ainda podem ser encontrados em diversas partes da Europa hoje, como o Czakan na Hungria (6 furos) ou a flauta dupla da antiga Iugoslávia. Muitos destes instrumentos eram feitos de tubos de bambu ou cana naturais, enquanto a flauta doce era um instrumento torneado em madeira. Foi o instrumento musical mais popular na Idade Média. Ela produz um som melodioso. Como todo instrumento musical, para ser tocado é necessário estudos das técnicas. É o mais antigo dos instrumentos da família de tubo interno. Consiste em um tubo, com buracos para sete dedos e um buraco para o dedo polegar que serve como abertura de oitava. Talvez a ilustração mais antiga e incomparável seja a de uma flauta doce que está no “The Mocking of Jesus” (posterior a 1315), um afresco da Igreja de Staro Nagoricvino na Iugoslávia. Existem várias ilustrações de tubos parecidos que podem ou não serem flautas que antecedem este exemplar.

                                        História

O instrumento mais antigo e completo sobrevivendo, é a chamada flauta doce de Dordrecht datada de meados do século XIII. Esta "flauta doce medieval" é caracterizada obviamente por seu corpo estreito e cilíndrico (o curso largo do tubo interno no meio do instrumento é responsável pela afinação e resposta sonora) A segunda flauta doce medieval mais ou menos completa e datando do século XIV foi reportado de Göttingen (norte da Alemanha) onde foi achada em uma latrina na Weender Straßer número 26 em 1987. A “flauta doce de Göttingen” faz parte da coleção do Stadtarchäologie Göttingen.

No século XV a flauta doce se desenvolveu e passou a ser chamada como a “flauta da renascença” que alcançou seu apogeu em meados do século XVI.

Durante o século XVII foi mais usada como instrumento solo. Antes era composta de uma ou duas partes, neste século ela já era formada por três partes. Sua feição permitia produzir som com mais intensidade e com mais possibilidade de expressão. Muitas dessas formas ainda existem nos dias de hoje em condições de uso. Assim a flauta foi sendo usada até se tornar um século XVIII profissionalmente, e como instrumento amador no século XIX, até que foi sendo quase que substituída pela flauta transversal.

A flauta doce alcançou seu espaço no Novo Mundo, a partir do momento em que os colonizadores perceberam que os índios utilizavam uma cana como instrumento que era assemelhada à flauta doce. A presença física de flautas doce na América do Norte foi documentada já em 1633 quando um inventário de uma plantação em New Hampshire listou 15 flautas doces, e um inventário semelhante feito em outra propriedade de New Hampshire informou a presença de 26 flautas doce (Música 1983; Pichierri 1960: 14).

Depois do surgimento da orquestra clássica, os compositores procuravam instrumentos com maiores recursos dinâmicos. Assim começa o declínio da flauta doce perante a flauta transversal, que já por volta de 1750 praticamente desaparecia do repertório de qualquer compositor. Assim a flauta doce ficou presente apenas na história dos instrumentos musicais. Somente no final do século XIX que alguns músicos começaram a ter contato com este instrumento novamente, através de pesquisa de músicas antigas e através de literaturas musicais existentes em museus. Entre os envolvidos no ressurgimento da flauta doce estão Cristopher Welch (1832-1915) e Canon Francis Galpin. Galpin, além de estudar este instrumento, ensinou sua família a tocá-lo. Mas foi o inglês Arnold Dolmetsch (1858-1940) que concluiu que a flauta doce só renasceria se sua reconstrução recebesse o mesmo tratamento dos demais instrumentos. O fruto de suas pesquisas lhe permitiu construir um quarteto de flautas e tocá-las com sua família em um concerto histórico no Festival Haslemere em 1926. Seu filho Carl se tornou um virtuoso no instrumento e elevou-o a um nível de alta interpretação. Esse conjunto de flautas feitos por Arnold Dolmetsch, foram copiadas e produzidas em série na Alemanha, onde se tornaram muito populares.

Tubos de bambu foram introduzidos em escolas dos E.U.A. nos anos 1920 e depois nas escolas da Grã-Bretanha, quando Hilda King, diretora de uma escola em Londres, começou a ensinar seus alunos em 1926. O “Grêmio de Flautistas de Bambu”, fundado por Margaret James em 1932, foi patrocinado por Louise Hanson-Dyer na França, onde ela pôde promover compositores como Auric, Ibert, Milhaud, Roussel, Poulenc, Arthur Benjamin da Austrália e Margaret Sutherland, para escrever para este meio.

Em 1935 Edgar Hunt introduzia o ensino de flauta doce nas escolas primárias inglesas, e em 1937 foi fundada a "Society of Recorder Player". Aos poucos a flauta doce ressurgia e os compositores começaram a escrever para o instrumento. Com o aumento do número de grandes intérpretes a flauta doce se tornou um instrumento de pesquisa e técnicas alternativas de execução.

Hoje em dia as flautas doces fabricadas possuem um som mais suave do que as flautas do século XVIII nas quais elas ao baseadas. No entanto, estas flautas doce neobarrocas permanecem como instrumentos para solo.

Temos também hoje, a produção em série de flautas de plástico a partir de cópias de originais como, por exemplo, as japonesas Yamaha, Aulus e Zen-on, além de uma série de edições modernas facsímiles e edições antigas e manunscritos editados na Europa.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Violão...


Instrumento de cordas da família do alaúde, genericamente é denominado de guitarra. Porquanto em inúmeros países a forma do instrumento se mantém enquanto sofre alterações no nome e na forma de execução. Há dúvida quanto à sua origem. A partir do século XIII existem registros de guitarras com 3 cordas (em tripa), possivelmente introduzidas na Europa pelos árabes. A partir do século XV foi introduzida uma quarta corda.
- Na Itália, a partir do século XI, há registros sobre um tipo de guitarra com 5 cordas, chamada de "viola de mano", muito usada pelos bardos para acompanhamento de canções e danças simples. Esse tipo de guitarra já exigia uma técnica de se dedilhar cada corda isoladamente.
- Por volta de 1780 (século XVIII) os portugueses introduziram no Brasil a guitarra espanhola, já com 6 cordas, tornando-se muito popular e sendo chamada de violão.
- A forma atual do violão foi padronizada pelo espanhol Antônio de Torres Jurado na segunda metade do século XIX.
- Embora o padrão atual seja 6 cordas, alguns instrumentistas aperfeiçoaram o uso de 7 e até 8 cordas. Afora os modelos de 12 cordas com 2 cordas para cada nota, visando obter maior sonoridade.

Guitarra Elétrica...


Instrumento de cordas com amplificação eletrônica, com 6 cordas afinadas em "Mi-Lá-Ré-Sol-Si-Mi" semelhantes ao violão. As primeiras guitarras foram eletrificadas nos anos 1930 e usavam um captador para converter as vibrações das cordas metálicas em sinais elétricos e enviá-los para um amplificador. Atualmente o instrumento pode ter mais de um captador e uma parafernália de acessórios capazes de modificar completamente a sua sonoridade.
- Basicamente existem 2 modelos: o de corpo maciço usado geralmente pelos músicos de "rock" e o de corpo oco (ao lado), semi-acústico, muito utilizado pelos músicos de "jazz". - Usa-se uma palheta para tocar as cordas. Entretanto há instrumentistas, como o americano Stanley Jordan, que desenvolveram uma técnica de não prender as cordas mas, bater as pontas dos dedos, das duas mãos, diretamente nas cordas sobre o braço da guitarra, tornando a execução mais ágil e macia.

Violino...

Instrumento de arco, com quatro cordas, o menor (e o de som mais agudo) dos membros da família do violino. Tem uma extensão de quatro oitavas, e suas cordas são afinadas em intervalos de quinta, sendo a mais grave afinada pelo sol abaixo do dó central (isto é, sol-ré-lá-mi). Os primeiros violinos foram feitos na Itália em meados do século XVI (1700), evoluindo de antecessores como arebec, a vielle e a lira da braccio. A arte de fabricar violinos de primeira classe foi, por 200 anos, apanágio de três famílias de Cremona - os Amati, Guarnen e Stradivari (de que a latinização deu Stradivarius). Embora o violino propriamente dito tenha-se mantido inalterado por 400 anos (excetuando-se a utilização de cordas mais finas e de um cavalete mais alto no século XIX), a forma atual do arco só se consolidou no século XIX(1800). Originalmente convexo em relação ao violino, o arco é agora côncavo. O violino tem longa história na execução da música folclórica, que vem desde seus antecessores (como avielle). Durante o século XVII, substituiu a viola soprano na música de câmara, e tornou-se o fundamento da orquestra. Na orquestra moderna, os violinos estão divididos em duas seções - primeiros e segundos violinos -, as quais se distinguem, em cena medida, pelo fato de os primeiros tocarem as partes mais agudas e os segundos, as mais graves. O repertório de música escrita para o violino é enorme, e cresceu ainda mais depois que Paganini revelou todas as suas possibilidades virtuosísticas. Incluí concertos de Bach, Vivaldi, Beethoven, Brahms, Tchaikovsky, Mendelssohn, Bruch, Berg e Paganini.As partes de um instrumento moderno
Voluta, cravelhal, tampo, cordas, ouvidos ou fs, cavalete, estandarte, microafinador, apoio do queixo(quexeira), botão família do violino Família de instrumentos de arco, de quatro cordas e não trasteados, que incluí o próprio violino, a viola, o violoncelo e o contrabaixo. Existe alguma confusão em torno da evolução dessa família, especialmente a respeito da extensão em que ocorreram cruzamentos com a viola da gamba (ver viola, família da). Os mais antigos instrumentos desse tipo foram as vielles e rebecs usadas pelos trovadores medievais para acompanhar o canto e a dança. A lira da braccio desenvolveu-se a partir desses instrumentos em fins do século XV (1600), surgindo o próprio violino já em meados do século XVI (1700). Os membros dessa família tem, caracteristicamente, ombros redondos, quatro cordas, as aberturas no tampo harmônico em forma de ff, e não possuem trastes (em comparação com suas primas, as violas, que tem ombros descaídos, seis ou sete cordas, aberturas no tampo harmônico em forma de C e braços trasteados). Integrantes da família do violino
Tamanhos relativos do violino (menor), viola (maior), violoncelo (médio) e contrabaixo (grande).

Cavaco...


Existe unanimidade entre autores como Oneyda Alvarenga, Mário de Andrade, Renato Almeida e Câmara Cascudo sobre a origem portuguesa do cavaquinho. Afirma Cascudo que de Portugal o instrumento teria sido levado pra a ilha da Madeira e de lá, após absorver algumas modificações, vindo para o Brasil. Na verdade, o cavaquinho chegou não só a ilha da Madeira mas, também, aos Açores, Hawaí e Indonésia.
No Hawaí, levado pelo madeirense João Fernandes em 1879, foi rebatizado pelos habitantes locais como ukulele (pulga saltadora), caiu no gosto da população e acabou se tornando símbolo da música hawaiana. Na Indonésia, ganhou o nome de Kerotijong (ou viola de kerotjong ou ainda ukulele como no Hawaí), e participa do conjunto que toca o gênero de mesmo nome, bem parecido com o conjunto de choro brasileiro. No livro Instrumentos Populares Portugueses encontramos a seguinte descrição: "O cavaquinho é um cordofone popular de pequenas dimensões, do tipo da viola de tampos chatos - e portanto das família das guitarras européias -
caixa de duplo bojo e pequeno enfraque, e de quatro cordas de tripla ou metálicas - conforme os gostos, presas em cima nas cravelhas e embaixo no cavalete colado no meio do bojo inferior do tampo. Além deste nome, encontramos ainda, para o mesmo instrumento ou outros com ele relacionados, as designações de machinho, machim, machete, manchete ou marchete, braguinha ou braguinho, cavaco etc..."
Além das coincidências de formas e afinações do instrumento lá e aqui, vemos ainda que em ambos os casos o cavaquinho está ligado a manifestações populares, festas de rua, etc.
Sobre os gêneros que o utilizam em Portugal, encontramos na mesma publicação o seguinte: "Como o instrumento de ritmo e harmonia com seu tom vibrante e saltitante, o cavaquinho é como poucos, próprio pra acompanhar viras, chulas, malhões, canas-verdes, verdegares e prins".
Além dos gêneros que o utilizam em Portugal, outro detalhe marca a diferença entre o cavaquinho no Brasil e em Portugal: a maneira de tocar. Enquanto aqui utilizamos a palheta para tanger as cordas, lá são usados os dedos da mão direita, geralmente fazendo rasgueado.
No Brasil o cavaquinho desempenha importante função no acompanhamento dos mais variados estilos, desde gêneros musicais urbanos como o samba e o choro, até manifestações folclóricas diversas como folias de reis, bumba-meu-boi, pastoris, chegança de marujos.

Piano...

O Piano é um instrumento musical de cordas percutidas, munido de um teclado e de uma grande caixa de ressonância. O som é produzido pela pressão das teclas que acionam martelos de madeira revestidos de feltro que, por sua vez, fazem percutir as cordas. É dotado de dois pedais: o direito, quando pressionado, permite que as cordas permaneçam vibrando, mesmo que as teclas deixem de ser tocadas; o esquerdo, também chamado surdina, serve para diminuir o brilho da sonoridade. O primeiro piano foi fabricado pelo italiano Bartolomeu Cristofori.

Bartolomeu Cristofori, construtor de cravos de Florença, por volta de 1700 já havia concluído a fabricação de pelo menos um destes instrumentos que chamou de "Gravicembalo col Piano e Forte", isto é , cravo com sons suaves e fortes. Enquanto as cordas do cravo são tangidas por bicos de penas, o piano tem suas cordas percutidas por martelos (revestidos de couro nos primeiros modelos), cuja dinâmica pode ser variada de acordo com a pressão dos dedos do executante. Isso daria ao piano grande poder de expressão e abriria uma série de possibilidades novas.


No começo o piano custou para se tornar popular porque os primeiros modelos eram muito precários. Haydn aceitou o piano em pé de igualdade com o cravo e o clavicórdio. Durante muito tempo a música para instrumento de teclado continuou a ser impressa com a indicação 'para piano forte ou cravo', mas, no final do século XVIII o cravo já havia caído em desuso, substituído pelo piano.
Apesar de o piano ter sido inventado por um italiano, foram os alemães que, com afinco, levaram a idéia adiante. Dentre estes construtores podemos citar: Silbermann, Zumbe, J. Stein. Os ingleses passaram também a construir pianos, de mecanismo mais pesado e som mais cheio e rico, considerado pai daquele usado atualmente. As melhorias dos pianos ingleses foram devidas ao famoso fabricante John Brodwood. Bradwood foi responsável por grandes transformações no instrumento: em 1783 pertenciam os dois pedais, o pedal surdina e o pedal direito. Em 1790, fabrica o primeiro piano com 5 oitavas e meia e, em 1794, cria o de 6 oitavas.


Grande revolução na sensibilidade do toque veio com Erard, que, em 1821, inventou o duplo escapo. Consistia este em deixar o martelo, depois de ferir a nota, a uma pequena distância da corda e mantê-lo sob total controle da tecla, enquanto ela permanecesse abaixada. O toque de notas repetidas tornou-se, então, possível, pois o duplo escapo permite que se toque repetidamente a mesma tecla.
No século XIX o piano passou por diversos melhoramentos. O número de notas foi aumentado, as cordas ficaram mais longas e grossas e os martelos, antes cobertos por couro, passaram a ser revestidos de feltro, melhorando a sonoridade. Os compositores românticos passaram a explorar todos os recursos do piano. Quase todos os compositores românticos escreveram para o piano, mas os mais importantes foram: Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms.


As mudanças sociais ocorridas no fim do século XVIII para os primeiros anos do século XIX, com o aparecimento da classe média (surgida da expansão do capitalismo), determinou um novo conceito no tamanho das residências, agora menores, em comparação com as casas da nobreza. Esta situação favoreceu à criação do piano vertical, por volta de 1800, cuja principal vantagem era ocupar menos espaço e ser um instrumento mais barato que os pianos horizontais fabricados até então. Logo tornou-se popular e foi um móvel comum na maioria das salas de visitas das casas do século XIX.


Por volta de 1880, as principais etapas na evolução do piano já haviam sido vencidas. Os fabricantes, agora, incorporavam naturalmente em seus instrumentos as idéias e as melhorias introduzidas durante a primeira metade do século XIX e o período que se seguiu foi apenas de aprimoramento e aperfeiçoamento de determinados detalhes.

O Violão de 7 Cordas...

O violão de sete cordas é instrumento genuinamente brasileiro – talvez não em suas origens, mas com certeza em seu uso, técnica e linguagem. Seu aparecimento no Rio de Janeiro, no início do século XX, ainda guarda alguns mistérios. As pistas mais consistentes apontam para um grupo de ciganos que viviam no bairro do Catumbi, e que usavam em sua música um violão de sete cordas com uma afinação diferente da ocidental, amplamente difundido na Rússia desde fins do século XVIII. De acordo com depoimentos de gente como Pixinguinha e João da Baiana, estes ciganos mantinham contato com a chamada Pequena África, comunidade de negros nordestinos então fixados em torno da Praça Onze, onde se definiu o samba urbano carioca. Foi talvez ali, por meio dos ciganos, que China (irmão mais velho de Pixinguinha, também integrante dos Oito Batutas) e Tute, os primeiros expoentes do sete-cordas, teriam tomado contato com o instrumento, ambientando-o nos repertórios de choro e, mais tarde, samba. De qualquer modo, a suposta origem russa do sete-cordas brasileiro ainda está para ser documentada com o rigor dos historiadores.

Ainda em fins do século XIX, o contracanto improvisado nas notas graves do violão – as “baixarias” – imitava o dos instrumentos de sopro como o bombardino, o oficleide e a tuba. Com o tempo, as baixarias foram ganhando estilo próprio e orgânico, integrado à sonoridade e à técnica do violão. Daí, como se imagina, o feliz encontro com o violão dos ciganos, cuja sétima corda (um bordão mais grave afinado em dó) ampliava as possibilidades do instrumento na função de baixo cantante.

Mas o violão de sete demoraria a ser popularizado e difundido pelos conjuntos regionais, formações dedicadas ao choro e ao samba. Isto só aconteceria na década de 1950, com o músico que se tornou o maior porta-voz do instrumento e influenciou todas as gerações posteriores de sete-cordas: Horondino José da Silva, o Dino 7 Cordas. Músico atuante desde 1935, quando se tornou um dos violonistas do regional de Benedito Lacerda (o mais destacado em seu tempo), Dino encomendou um sete-cordas à oficina Do Souto em novembro de 1952, passando a utilizá-lo regularmente a partir do ano seguinte. Dino foi o responsável por desenvolver a linguagem do instrumento, valendo-se de novos padrões rítmicos e melódicos, mais elaborados, para a construção das baixarias.

A partir do desempenho brilhante de Dino, exibido em centenas de programas de rádio, shows e gravações, o sete-cordas foi ganhando adeptos por todo o país, incorporando-se definitivamente aos regionais de choro, aos conjuntos de samba e, já nos anos 70, ao desfile das escolas de samba, somando-se ao cavaquinho para acompanhar os intérpretes de samba-enredo. O instrumento passou a contar com outros grandes representantes, como o genial Rafael Rabello. E hoje, em mais uma fase de reflorescimento do choro, o sete-cordas tornou-se um dos instrumentos mais procurados pelos jovens músicos, ostentando expressivas revelações.