terça-feira, 27 de abril de 2010
Violão...
Instrumento de cordas da família do alaúde, genericamente é denominado de guitarra. Porquanto em inúmeros países a forma do instrumento se mantém enquanto sofre alterações no nome e na forma de execução. Há dúvida quanto à sua origem. A partir do século XIII existem registros de guitarras com 3 cordas (em tripa), possivelmente introduzidas na Europa pelos árabes. A partir do século XV foi introduzida uma quarta corda.
- Na Itália, a partir do século XI, há registros sobre um tipo de guitarra com 5 cordas, chamada de "viola de mano", muito usada pelos bardos para acompanhamento de canções e danças simples. Esse tipo de guitarra já exigia uma técnica de se dedilhar cada corda isoladamente.
- Por volta de 1780 (século XVIII) os portugueses introduziram no Brasil a guitarra espanhola, já com 6 cordas, tornando-se muito popular e sendo chamada de violão.
- A forma atual do violão foi padronizada pelo espanhol Antônio de Torres Jurado na segunda metade do século XIX.
- Embora o padrão atual seja 6 cordas, alguns instrumentistas aperfeiçoaram o uso de 7 e até 8 cordas. Afora os modelos de 12 cordas com 2 cordas para cada nota, visando obter maior sonoridade.
Guitarra Elétrica...
Instrumento de cordas com amplificação eletrônica, com 6 cordas afinadas em "Mi-Lá-Ré-Sol-Si-Mi" semelhantes ao violão. As primeiras guitarras foram eletrificadas nos anos 1930 e usavam um captador para converter as vibrações das cordas metálicas em sinais elétricos e enviá-los para um amplificador. Atualmente o instrumento pode ter mais de um captador e uma parafernália de acessórios capazes de modificar completamente a sua sonoridade.
- Basicamente existem 2 modelos: o de corpo maciço usado geralmente pelos músicos de "rock" e o de corpo oco (ao lado), semi-acústico, muito utilizado pelos músicos de "jazz". - Usa-se uma palheta para tocar as cordas. Entretanto há instrumentistas, como o americano Stanley Jordan, que desenvolveram uma técnica de não prender as cordas mas, bater as pontas dos dedos, das duas mãos, diretamente nas cordas sobre o braço da guitarra, tornando a execução mais ágil e macia.
Violino...
Instrumento de arco, com quatro cordas, o menor (e o de som mais agudo) dos membros da família do violino. Tem uma extensão de quatro oitavas, e suas cordas são afinadas em intervalos de quinta, sendo a mais grave afinada pelo sol abaixo do dó central (isto é, sol-ré-lá-mi). Os primeiros violinos foram feitos na Itália em meados do século XVI (1700), evoluindo de antecessores como arebec, a vielle e a lira da braccio. A arte de fabricar violinos de primeira classe foi, por 200 anos, apanágio de três famílias de Cremona - os Amati, Guarnen e Stradivari (de que a latinização deu Stradivarius). Embora o violino propriamente dito tenha-se mantido inalterado por 400 anos (excetuando-se a utilização de cordas mais finas e de um cavalete mais alto no século XIX), a forma atual do arco só se consolidou no século XIX(1800). Originalmente convexo em relação ao violino, o arco é agora côncavo. O violino tem longa história na execução da música folclórica, que vem desde seus antecessores (como avielle). Durante o século XVII, substituiu a viola soprano na música de câmara, e tornou-se o fundamento da orquestra. Na orquestra moderna, os violinos estão divididos em duas seções - primeiros e segundos violinos -, as quais se distinguem, em cena medida, pelo fato de os primeiros tocarem as partes mais agudas e os segundos, as mais graves. O repertório de música escrita para o violino é enorme, e cresceu ainda mais depois que Paganini revelou todas as suas possibilidades virtuosísticas. Incluí concertos de Bach, Vivaldi, Beethoven, Brahms, Tchaikovsky, Mendelssohn, Bruch, Berg e Paganini.As partes de um instrumento moderno
Voluta, cravelhal, tampo, cordas, ouvidos ou fs, cavalete, estandarte, microafinador, apoio do queixo(quexeira), botão família do violino Família de instrumentos de arco, de quatro cordas e não trasteados, que incluí o próprio violino, a viola, o violoncelo e o contrabaixo. Existe alguma confusão em torno da evolução dessa família, especialmente a respeito da extensão em que ocorreram cruzamentos com a viola da gamba (ver viola, família da). Os mais antigos instrumentos desse tipo foram as vielles e rebecs usadas pelos trovadores medievais para acompanhar o canto e a dança. A lira da braccio desenvolveu-se a partir desses instrumentos em fins do século XV (1600), surgindo o próprio violino já em meados do século XVI (1700). Os membros dessa família tem, caracteristicamente, ombros redondos, quatro cordas, as aberturas no tampo harmônico em forma de ff, e não possuem trastes (em comparação com suas primas, as violas, que tem ombros descaídos, seis ou sete cordas, aberturas no tampo harmônico em forma de C e braços trasteados). Integrantes da família do violino
Tamanhos relativos do violino (menor), viola (maior), violoncelo (médio) e contrabaixo (grande).
Voluta, cravelhal, tampo, cordas, ouvidos ou fs, cavalete, estandarte, microafinador, apoio do queixo(quexeira), botão família do violino Família de instrumentos de arco, de quatro cordas e não trasteados, que incluí o próprio violino, a viola, o violoncelo e o contrabaixo. Existe alguma confusão em torno da evolução dessa família, especialmente a respeito da extensão em que ocorreram cruzamentos com a viola da gamba (ver viola, família da). Os mais antigos instrumentos desse tipo foram as vielles e rebecs usadas pelos trovadores medievais para acompanhar o canto e a dança. A lira da braccio desenvolveu-se a partir desses instrumentos em fins do século XV (1600), surgindo o próprio violino já em meados do século XVI (1700). Os membros dessa família tem, caracteristicamente, ombros redondos, quatro cordas, as aberturas no tampo harmônico em forma de ff, e não possuem trastes (em comparação com suas primas, as violas, que tem ombros descaídos, seis ou sete cordas, aberturas no tampo harmônico em forma de C e braços trasteados). Integrantes da família do violino
Tamanhos relativos do violino (menor), viola (maior), violoncelo (médio) e contrabaixo (grande).
Cavaco...
Existe unanimidade entre autores como Oneyda Alvarenga, Mário de Andrade, Renato Almeida e Câmara Cascudo sobre a origem portuguesa do cavaquinho. Afirma Cascudo que de Portugal o instrumento teria sido levado pra a ilha da Madeira e de lá, após absorver algumas modificações, vindo para o Brasil. Na verdade, o cavaquinho chegou não só a ilha da Madeira mas, também, aos Açores, Hawaí e Indonésia.
No Hawaí, levado pelo madeirense João Fernandes em 1879, foi rebatizado pelos habitantes locais como ukulele (pulga saltadora), caiu no gosto da população e acabou se tornando símbolo da música hawaiana. Na Indonésia, ganhou o nome de Kerotijong (ou viola de kerotjong ou ainda ukulele como no Hawaí), e participa do conjunto que toca o gênero de mesmo nome, bem parecido com o conjunto de choro brasileiro. No livro Instrumentos Populares Portugueses encontramos a seguinte descrição: "O cavaquinho é um cordofone popular de pequenas dimensões, do tipo da viola de tampos chatos - e portanto das família das guitarras européias -
caixa de duplo bojo e pequeno enfraque, e de quatro cordas de tripla ou metálicas - conforme os gostos, presas em cima nas cravelhas e embaixo no cavalete colado no meio do bojo inferior do tampo. Além deste nome, encontramos ainda, para o mesmo instrumento ou outros com ele relacionados, as designações de machinho, machim, machete, manchete ou marchete, braguinha ou braguinho, cavaco etc..."
Além das coincidências de formas e afinações do instrumento lá e aqui, vemos ainda que em ambos os casos o cavaquinho está ligado a manifestações populares, festas de rua, etc.
Sobre os gêneros que o utilizam em Portugal, encontramos na mesma publicação o seguinte: "Como o instrumento de ritmo e harmonia com seu tom vibrante e saltitante, o cavaquinho é como poucos, próprio pra acompanhar viras, chulas, malhões, canas-verdes, verdegares e prins".
Além dos gêneros que o utilizam em Portugal, outro detalhe marca a diferença entre o cavaquinho no Brasil e em Portugal: a maneira de tocar. Enquanto aqui utilizamos a palheta para tanger as cordas, lá são usados os dedos da mão direita, geralmente fazendo rasgueado.
No Brasil o cavaquinho desempenha importante função no acompanhamento dos mais variados estilos, desde gêneros musicais urbanos como o samba e o choro, até manifestações folclóricas diversas como folias de reis, bumba-meu-boi, pastoris, chegança de marujos.
Piano...
O Piano é um instrumento musical de cordas percutidas, munido de um teclado e de uma grande caixa de ressonância. O som é produzido pela pressão das teclas que acionam martelos de madeira revestidos de feltro que, por sua vez, fazem percutir as cordas. É dotado de dois pedais: o direito, quando pressionado, permite que as cordas permaneçam vibrando, mesmo que as teclas deixem de ser tocadas; o esquerdo, também chamado surdina, serve para diminuir o brilho da sonoridade. O primeiro piano foi fabricado pelo italiano Bartolomeu Cristofori.
Bartolomeu Cristofori, construtor de cravos de Florença, por volta de 1700 já havia concluído a fabricação de pelo menos um destes instrumentos que chamou de "Gravicembalo col Piano e Forte", isto é , cravo com sons suaves e fortes. Enquanto as cordas do cravo são tangidas por bicos de penas, o piano tem suas cordas percutidas por martelos (revestidos de couro nos primeiros modelos), cuja dinâmica pode ser variada de acordo com a pressão dos dedos do executante. Isso daria ao piano grande poder de expressão e abriria uma série de possibilidades novas.
No começo o piano custou para se tornar popular porque os primeiros modelos eram muito precários. Haydn aceitou o piano em pé de igualdade com o cravo e o clavicórdio. Durante muito tempo a música para instrumento de teclado continuou a ser impressa com a indicação 'para piano forte ou cravo', mas, no final do século XVIII o cravo já havia caído em desuso, substituído pelo piano.
Apesar de o piano ter sido inventado por um italiano, foram os alemães que, com afinco, levaram a idéia adiante. Dentre estes construtores podemos citar: Silbermann, Zumbe, J. Stein. Os ingleses passaram também a construir pianos, de mecanismo mais pesado e som mais cheio e rico, considerado pai daquele usado atualmente. As melhorias dos pianos ingleses foram devidas ao famoso fabricante John Brodwood. Bradwood foi responsável por grandes transformações no instrumento: em 1783 pertenciam os dois pedais, o pedal surdina e o pedal direito. Em 1790, fabrica o primeiro piano com 5 oitavas e meia e, em 1794, cria o de 6 oitavas.
Grande revolução na sensibilidade do toque veio com Erard, que, em 1821, inventou o duplo escapo. Consistia este em deixar o martelo, depois de ferir a nota, a uma pequena distância da corda e mantê-lo sob total controle da tecla, enquanto ela permanecesse abaixada. O toque de notas repetidas tornou-se, então, possível, pois o duplo escapo permite que se toque repetidamente a mesma tecla.
No século XIX o piano passou por diversos melhoramentos. O número de notas foi aumentado, as cordas ficaram mais longas e grossas e os martelos, antes cobertos por couro, passaram a ser revestidos de feltro, melhorando a sonoridade. Os compositores românticos passaram a explorar todos os recursos do piano. Quase todos os compositores românticos escreveram para o piano, mas os mais importantes foram: Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms.
As mudanças sociais ocorridas no fim do século XVIII para os primeiros anos do século XIX, com o aparecimento da classe média (surgida da expansão do capitalismo), determinou um novo conceito no tamanho das residências, agora menores, em comparação com as casas da nobreza. Esta situação favoreceu à criação do piano vertical, por volta de 1800, cuja principal vantagem era ocupar menos espaço e ser um instrumento mais barato que os pianos horizontais fabricados até então. Logo tornou-se popular e foi um móvel comum na maioria das salas de visitas das casas do século XIX.
Por volta de 1880, as principais etapas na evolução do piano já haviam sido vencidas. Os fabricantes, agora, incorporavam naturalmente em seus instrumentos as idéias e as melhorias introduzidas durante a primeira metade do século XIX e o período que se seguiu foi apenas de aprimoramento e aperfeiçoamento de determinados detalhes.
Bartolomeu Cristofori, construtor de cravos de Florença, por volta de 1700 já havia concluído a fabricação de pelo menos um destes instrumentos que chamou de "Gravicembalo col Piano e Forte", isto é , cravo com sons suaves e fortes. Enquanto as cordas do cravo são tangidas por bicos de penas, o piano tem suas cordas percutidas por martelos (revestidos de couro nos primeiros modelos), cuja dinâmica pode ser variada de acordo com a pressão dos dedos do executante. Isso daria ao piano grande poder de expressão e abriria uma série de possibilidades novas.
No começo o piano custou para se tornar popular porque os primeiros modelos eram muito precários. Haydn aceitou o piano em pé de igualdade com o cravo e o clavicórdio. Durante muito tempo a música para instrumento de teclado continuou a ser impressa com a indicação 'para piano forte ou cravo', mas, no final do século XVIII o cravo já havia caído em desuso, substituído pelo piano.
Apesar de o piano ter sido inventado por um italiano, foram os alemães que, com afinco, levaram a idéia adiante. Dentre estes construtores podemos citar: Silbermann, Zumbe, J. Stein. Os ingleses passaram também a construir pianos, de mecanismo mais pesado e som mais cheio e rico, considerado pai daquele usado atualmente. As melhorias dos pianos ingleses foram devidas ao famoso fabricante John Brodwood. Bradwood foi responsável por grandes transformações no instrumento: em 1783 pertenciam os dois pedais, o pedal surdina e o pedal direito. Em 1790, fabrica o primeiro piano com 5 oitavas e meia e, em 1794, cria o de 6 oitavas.
Grande revolução na sensibilidade do toque veio com Erard, que, em 1821, inventou o duplo escapo. Consistia este em deixar o martelo, depois de ferir a nota, a uma pequena distância da corda e mantê-lo sob total controle da tecla, enquanto ela permanecesse abaixada. O toque de notas repetidas tornou-se, então, possível, pois o duplo escapo permite que se toque repetidamente a mesma tecla.
No século XIX o piano passou por diversos melhoramentos. O número de notas foi aumentado, as cordas ficaram mais longas e grossas e os martelos, antes cobertos por couro, passaram a ser revestidos de feltro, melhorando a sonoridade. Os compositores românticos passaram a explorar todos os recursos do piano. Quase todos os compositores românticos escreveram para o piano, mas os mais importantes foram: Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms.
As mudanças sociais ocorridas no fim do século XVIII para os primeiros anos do século XIX, com o aparecimento da classe média (surgida da expansão do capitalismo), determinou um novo conceito no tamanho das residências, agora menores, em comparação com as casas da nobreza. Esta situação favoreceu à criação do piano vertical, por volta de 1800, cuja principal vantagem era ocupar menos espaço e ser um instrumento mais barato que os pianos horizontais fabricados até então. Logo tornou-se popular e foi um móvel comum na maioria das salas de visitas das casas do século XIX.
Por volta de 1880, as principais etapas na evolução do piano já haviam sido vencidas. Os fabricantes, agora, incorporavam naturalmente em seus instrumentos as idéias e as melhorias introduzidas durante a primeira metade do século XIX e o período que se seguiu foi apenas de aprimoramento e aperfeiçoamento de determinados detalhes.
O Violão de 7 Cordas...
O violão de sete cordas é instrumento genuinamente brasileiro – talvez não em suas origens, mas com certeza em seu uso, técnica e linguagem. Seu aparecimento no Rio de Janeiro, no início do século XX, ainda guarda alguns mistérios. As pistas mais consistentes apontam para um grupo de ciganos que viviam no bairro do Catumbi, e que usavam em sua música um violão de sete cordas com uma afinação diferente da ocidental, amplamente difundido na Rússia desde fins do século XVIII. De acordo com depoimentos de gente como Pixinguinha e João da Baiana, estes ciganos mantinham contato com a chamada Pequena África, comunidade de negros nordestinos então fixados em torno da Praça Onze, onde se definiu o samba urbano carioca. Foi talvez ali, por meio dos ciganos, que China (irmão mais velho de Pixinguinha, também integrante dos Oito Batutas) e Tute, os primeiros expoentes do sete-cordas, teriam tomado contato com o instrumento, ambientando-o nos repertórios de choro e, mais tarde, samba. De qualquer modo, a suposta origem russa do sete-cordas brasileiro ainda está para ser documentada com o rigor dos historiadores.
Ainda em fins do século XIX, o contracanto improvisado nas notas graves do violão – as “baixarias” – imitava o dos instrumentos de sopro como o bombardino, o oficleide e a tuba. Com o tempo, as baixarias foram ganhando estilo próprio e orgânico, integrado à sonoridade e à técnica do violão. Daí, como se imagina, o feliz encontro com o violão dos ciganos, cuja sétima corda (um bordão mais grave afinado em dó) ampliava as possibilidades do instrumento na função de baixo cantante.
Mas o violão de sete demoraria a ser popularizado e difundido pelos conjuntos regionais, formações dedicadas ao choro e ao samba. Isto só aconteceria na década de 1950, com o músico que se tornou o maior porta-voz do instrumento e influenciou todas as gerações posteriores de sete-cordas: Horondino José da Silva, o Dino 7 Cordas. Músico atuante desde 1935, quando se tornou um dos violonistas do regional de Benedito Lacerda (o mais destacado em seu tempo), Dino encomendou um sete-cordas à oficina Do Souto em novembro de 1952, passando a utilizá-lo regularmente a partir do ano seguinte. Dino foi o responsável por desenvolver a linguagem do instrumento, valendo-se de novos padrões rítmicos e melódicos, mais elaborados, para a construção das baixarias.
A partir do desempenho brilhante de Dino, exibido em centenas de programas de rádio, shows e gravações, o sete-cordas foi ganhando adeptos por todo o país, incorporando-se definitivamente aos regionais de choro, aos conjuntos de samba e, já nos anos 70, ao desfile das escolas de samba, somando-se ao cavaquinho para acompanhar os intérpretes de samba-enredo. O instrumento passou a contar com outros grandes representantes, como o genial Rafael Rabello. E hoje, em mais uma fase de reflorescimento do choro, o sete-cordas tornou-se um dos instrumentos mais procurados pelos jovens músicos, ostentando expressivas revelações.
Ainda em fins do século XIX, o contracanto improvisado nas notas graves do violão – as “baixarias” – imitava o dos instrumentos de sopro como o bombardino, o oficleide e a tuba. Com o tempo, as baixarias foram ganhando estilo próprio e orgânico, integrado à sonoridade e à técnica do violão. Daí, como se imagina, o feliz encontro com o violão dos ciganos, cuja sétima corda (um bordão mais grave afinado em dó) ampliava as possibilidades do instrumento na função de baixo cantante.
Mas o violão de sete demoraria a ser popularizado e difundido pelos conjuntos regionais, formações dedicadas ao choro e ao samba. Isto só aconteceria na década de 1950, com o músico que se tornou o maior porta-voz do instrumento e influenciou todas as gerações posteriores de sete-cordas: Horondino José da Silva, o Dino 7 Cordas. Músico atuante desde 1935, quando se tornou um dos violonistas do regional de Benedito Lacerda (o mais destacado em seu tempo), Dino encomendou um sete-cordas à oficina Do Souto em novembro de 1952, passando a utilizá-lo regularmente a partir do ano seguinte. Dino foi o responsável por desenvolver a linguagem do instrumento, valendo-se de novos padrões rítmicos e melódicos, mais elaborados, para a construção das baixarias.
A partir do desempenho brilhante de Dino, exibido em centenas de programas de rádio, shows e gravações, o sete-cordas foi ganhando adeptos por todo o país, incorporando-se definitivamente aos regionais de choro, aos conjuntos de samba e, já nos anos 70, ao desfile das escolas de samba, somando-se ao cavaquinho para acompanhar os intérpretes de samba-enredo. O instrumento passou a contar com outros grandes representantes, como o genial Rafael Rabello. E hoje, em mais uma fase de reflorescimento do choro, o sete-cordas tornou-se um dos instrumentos mais procurados pelos jovens músicos, ostentando expressivas revelações.
Assinar:
Postagens (Atom)